sábado, 19 de fevereiro de 2011

NATAL DO MENINO DE RUA



Oba! Chegou o Natal. Festa melhor que esta, somente o carnaval.
Natal. Natal das crianças... Das crianças que têm lar. Não para alguns...
Por isso, não adianta esperar!
Natal, Natal, Natal !!!!
É tão gostoso passar a noite toda com amigos e trocar presentes. Ouvir o sino soando.
Blim-blom! Bam-bam ! Blim-blom !
Ouço algo errado no ar ?
Hum! É noite de Natal. Que tal uma história ganhar?

_ Que coisa mais sem graça! Sentar na porta de uma igreja? Por que não vai para um banco da praça?
_ Oh, criatura! Não sabe que a escada é dura? Vá para um banco, lá não há degrau. Escada não tem encosto e pode lhe fazer mal.
_ Não esbarre nas barras, são de longo feitio. Isso? Não é para o seu perfil.

Alguém de boa linhagem, cheirando a perfume de aurora, disse que atrapalhava a passagem e mandou aquela coisa embora.

Foi. Voltou. Ficou. A porta não se fechou porque tinha muita gente de pé querendo, naquela noite, mostrar que tinha fé. Ele também.

Fé? Não se sabe. Porém ficou de pé. Conhecia o seu lugar. Ficou do lado de fora assistindo ao padre no altar. Era uma coisa linda de se ver. Fez o sinal da cruz igualzinho o padre fez. Mas, mal sabia ele que daquele cálice só ele iria beber.

Os fiéis se ajoelharam. Ele também. Aqueles pra agradecer a tudo o que têm. Ele, apenas por ser alguém.
Já quase meia-noite. O galo cantou e o sino badala. Muitos fogos enfeitam o céu. Uns vão pra ceias, outros pras boates. Outros... sabe-se lá aonde. Sabe-se Deus onde o Papai-Noel dele se esconde?

E não é que ele chegou?

Mas... tenha dó! Aquilo não tem cara de trenó. Não desceu do céu? Não! Foi enviado pelo coronel e trouxe a ele uma bala de fel.

Por que, menino de rua, foi ficar bem na porta da igreja? Agora veja! Pediu muito bem quando se ajoelhou. Menino de sorte. Pediu só um presente, mas, 38 ganhou.

Noite de Natal, naquele lugar, é chique e fria. O calor daquela igreja abafou todos os homens e o gelo só ele sentia.

Por que, menino de rua, foi nascer com tão pouco brilho? Você não tem pai nem mãe, mas é de Deus o único Filho.

Você agora não tem direito a jornal, nem à palha porque ela é do animal.

É uma história comovente, mas ... quem sabe ele nasça novamente!

_ É, quem sabe... Tomara não seja igual Aquele. Nascer no dia de Natal pra deixar a festa triste e se chamar Jesus. Invejoso! Ainda bem que morreu de revolver. Só faltava querer morrer na cruz.

Autora- Rita Lavoyer

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