sábado, 19 de fevereiro de 2011

QUAL É O SEU NOME?

imagem da internet


_ Oi! Ela é minha esposa. O nome dela é trabalho.
_ Oi! Ele é o meu esposo. O nome dele é trabalho. Temos 4 filhos que têm os mesmos nomes: moradia, alimentação, segurança, educação, saúde, lazer.
_ Ela tem pais. O nome dos velhos? Plano de saúde, fisioterapia, farmácia, enfermeiros, vai-e-vem e combustível pra levá-los pra cima e pra baixo....
_ Ele tem pai e mãe. O nome deles? Abandonados.
_ Os meus pais não são abandonados. Eu cuido muito bem deles. Pago plano de saúde, alimentação, moradia. Pago fisioterapia. Se precisarem de mim para levá-los em algum lugar, levo-os e não reclamo.
_ Está vendo!? E os seus irmãos, hã!? Qual é o nome deles? Eles se chamam bar nos finais de semana, pescaria com a família, reuniões com os amigos, passeios com os filhos, cinema, teatro. Aliás, qual é o nome daqueles filhos deles? Eu vou falar. O nome de cada um dos seus sobrinhos é: sedentarismo, passeio, pescaria, bar e outras diversões com os pais deles. O nome de toda a sua família deveria ser ‘inúteis’.
_ Olha, o meu nome é trabalho. Casei-me com ela porque os nossos nomes combinavam, ainda combinam. Ela também tem irmãos. Muitos irmãos. Quer saber o nome deles? Inúteis. Gostou do nome? Inúteis são pessoas como os irmãos dela, que viajam com os filhos, freqüentam casas de amigos, pagam para assistirem shows bacanas. Recebem pessoas, freqüentemente, em casa, com petiscos e cerveja gelada. Aliás, faz muito tempo que não os vejo. Por onde andam os seus irmãos?
_ Talvez junto aos seus.
_ Será que eles se encontram?
_ Inúteis sempre dão um jeitinho de se unirem aos outros.
_ Não está na hora de buscar os filhos?
_ Está. Eu busco dois e você leva os dois. Depois passa no mercado e leva as compras que a mamãe me pediu, mas não estou com tempo de fazer isso agora. A lista está debaixo do telefone.
_ Aproveita que já é o seu caminho, passa na farmácia, compra os medicamentos do meu pai e leve lá na casa dele. Faça aquela tabelinha, como eu sempre faço, e põe na porta da geladeira. Peça desculpas à minha mãe e diga que não poderemos ir almoçar lá nesse fim de semana porque vou trazer trabalho pra casa. Ah, diga à minha mãe que eu já agendei o dentista pra ela.
_ Ah, traga o seu laptop. Marquei com dois clientes nesse fim de semana. Não marque compromisso nenhum. Alguém tem que ficar olhando as crianças.
_ À noite, se der tempo, a gente conversa.
_ Menino! Entra logo nesse carro que eu estou com pressa.
_ Anda moleque. Vai fazer sua mãe perder tempo.
_ Por que vocês não contratam um motorista pra nós, assim param com essa gritaria.
_ Por que? Está achando que os seus pais são inúteis?
_ Nossa! Vocês se entendem mesmo, hein! Até as respostas são exatamente iguais em palavras e momentos. Aliás, poderiam começar a nos chamar pelos nomes que temos?
_ Vocês têm nomes compridos demais. Se acrescentarmos o motorista aí sim, não os chamaremos de coisa alguma.
E o celular toca, um de cada lado daqueles pais dos filhos.
Pra quem dizer : “Pai!Mãe! se eles não os escutarão?
E o telefone toca, a vida toca, mas não toca pessoas que ‘não e nem’ se tocam.
E o filhos, na garupa das circunstância.

Autora - Rita Lavoyer.

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